quarta-feira, 24 de junho de 2009

Afinal há dois dedos de testa

Para quem é de lisboa, ou conhece a realidade das manhãs de trabalho na 2ª circular, sabe bem o quão radical foram os primeiros efeitos das obras no nó de Pina Manique, sentido Lisboa-Sintra.
Está-se a terminar o último troço da CRIL/IC17 e reformulações estão se a fazer no cruzamento entre IC19, 2ªCircular, Circular de Benfica e CRIL.
Esta obra, há muito planeada, esteve à espera durante anos. Sucessivos adiamentos foram feitos por conflitos de interesse pelas zonas por onde deverá passar a CRIL.
Mas ultrapassado tais obstáculos a obra avançou.
E então na semana anterior à dos feriados de Lisboa, e depois de vários meses de obras, os primeiros efeitos práticos foram mostrados ao mundo. Finalmente há evolução, há melhoramentos, há...muito mais tráfego, muito mais confusão. É verdade que a alteração apanhou toda a gente de surpresa. Pelo efeito em si, mas principalmente porque tal alteração não veio melhorar a circulação, mas sim, piorar!
Inacreditável, com tantos anos de planeamento, podendo saber ante-mão os problemas que tal nó produz. E sabendo a quantidade de gente que circula em tal estrada, não souberam planear decentemente a saída da 2ªCircular para a CRIL. Pior, se antes havia uma alternativa viável pela Circular de Benfica para contornar o trânsito da 2ªCircular, esqueçam, que por ai passou de 80 para 8.
Contudo, nota-se que houve pensamentos e planeamento. A terceira faixa de rodagem mais à esquerda e que termina depois da saída para a CRIL, de modo a ajudar a circulação de quem vai continuar pela IC19, comprova isso.
E a questão impunha-se: isto é mesmo para ficar assim? ou é temporário e o pesadelo não passou para o inferno.
Felizmente, não é solução definitiva. Apesar de parecer que era solução final. Terça-feira passada lá apareceu uma alteração essencial ao traçado. Em vez da única faixa de rodagem de saída para a CRIL foi adicionada mais uma, voltando às originais duas faixas de saída. Notando-se claramente que foi é um remendo do planeado.
Ainda não sabemos os reais resultados de tal mudança, até porque esta semana as escolas entraram em férias e o tráfego diminui. E eu também estou a vir mais cedo que o habitual, só apanhando mesmo os mais madrugadores. Se bem que antes as 9h havia transito e as 8h não havia, depois da primeira alteração passou a haver muito, mas mesmo muito transito as 9h e as 8h passou a haver transito :S
Podemos não saber o real impacto que tem a alteração de última hora, mas sabemos que pelo menos há quem se preocupe e que concorde com todos os condutores da 2ªCircular que a situação anterior era insuportável.
Se bem que nunca há soluções que agradem gregos e troianos. E agora para quem vem da CRIL e queira sair em direcção a Sintra vai ter que passar 3 faixas de rodagem! e em hora de ponta serão 3 faixas cheios de carros.
Agradando ou não toda gente, decisões estão a ser tomadas, e só assim é que se anda para a frente:)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Arte Rupeste

Hoje, feriado nacional, no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, dei um pequeno intervalo ao trabalho e aos estudos e aproveitei para voltar às corridas matinais.
E numa das poucas voltas que dei ao estádio universitário, singular gravura, observado de relance, conquistou-me a atenção e os pensamentos.
Uma típica declaração de amor: um coração com a adição do nome de dois pombinhos. Tal como esta, muitas outras inscrições se aglomeravam em toda a árvore.
E então fez-me pensar: quem terá sido a primeira pessoa a cometer acto de "vandalismo" à mãe natureza? É como a invenção do fogo ou da roda. Acto singular, copiado por todos, espelhado pelos quatro cantos do mundo e sem um registo de patente. Um incógnito para sempre.
Mas o que é que deverá ter passado pela cabeça de tal indivíduo? será que na altura já não havia espaço para pintar nas pedras? ou será que tal acontecimento apareceu antes de qualquer gravura rupestre? A erosão temporal demora a fazer efeito numa pedra, ao contrário de uma árvore, que sendo um ser vivo, transforma-se e renova-se no tempo.
Vendo bem, a ideia é mesmo genial. Provavelmente o primeiro acto ecológico do ser humano. Uns cortes num troco de uma árvore não lhe faz mal nenhum, pelo contrário, por vezes esses cortes ajudam a crescer novos ramos, a fortalecer a própria árvore.
Se bem que no fundo, não se esqueçam que é de uma vida que estamos a falar. Pode não ser humana, mas continua a ser um ser vivo que muito contribui para a nossa saúde.
Mas o acto de genialidade ecológica é que a nossa acção de "vandalismo" pode ser limpo automaticamente com o próprio crescimento da árvore.
Ao contrário dos rabiscos numa parede que duram milhões de anos, tal como se tem encontrado e verificado um pouco por todo o mundo. Pior, desenhos de um artista que dificilmente continua a habita entre nós, obriga-nos, milhares de anos depois, a mudar o rumo da nossa história. Barragens que são desviadas, dinheiro que é gasto em preservação. Incrível como um simples gesto influência a vida de milhares de pessoas vastos anos depois. É o efeito borboleta milhares de anos depois. Por isso pensem bem no que estão a fazer, pois os vossos actos vão influenciar outras vidas outros seres, para bem ou para mal.