sexta-feira, 16 de maio de 2008

Made in China

No fim de semana passado, li um artigo muito interessante. Contava a experiência de "uma finalista do curso de Comunicação Social que passou um mês a tentar escapar aos produtos «made in China»". E realmente é curioso ver a quantidade de produtos que utilizamos no dia-a-dia que é fabricado na China. Pior ainda se contarmos os países orientais. Mas realmente a China é o expoente máximo. Uma das economias mais emergentes. Uma das novas super potências.
Então a reportagem demonstra como é difícil evitar utilizar made in china. Está no telemóvel, no pc, nas canetas, na roupa, na cozinha, no quarto, na sala, no carro, em todo o lado. Por vezes dá um sentimento de revolta que apetece incentivar um boicote mundial sobre o Made in china. Principalmente se pensarmos que a maioria dos bens são produzidos por menores de idade ou sem condições nenhumas. Sem liberdades e à base da "escravatura".
Mas acho que o mundo de hoje não aguentava a privação.
Faz-me lembrar num filme chamado "A day without a Mexican". Eu diria que é um excelente filme, o problema é que nunca cheguei a vê-lo completamente:) Mas a ideia é genial. A sinopse conta-nos que um dia California acorda sem latinos. Simplesmente 14 milhões de latinos desaparecem de um dia para a noite. A dependência é tal, que se instala a confusão na terra Tio Sam. California basicamente pára.
O que é que aconteceria se de repente ficássemos privados de todos os produtos Made in china?
Como tudo na vida, há duas maneiras de ver as coisas. Um negativo e outro positivo.
Podemos dizer que o mundo pára. É inegável a invasão chinesa. Perdíamos grande parte dos nossos bens. Voltávamos à idade da pedra. Claramente o ponto de vista negativo.
Mas eu retiro outro ponto de vista, talvez utópico de mais. Mas bem mais positivo. Sem os produtos Made in China desaparecia os bens materiais que são voláteis. Cada vez mais com o baixo custo chinês. Hoje em dia, facilmente compramos dois produtos pelo preço de um. Um estraga-se, lixo com ele, temos o segundo.
Mas então o que resta? os seres humanos. Aquilo que realmente interessa preservar, alimentar, adorar. Somos nós que interessamos. Não são os bens materiais, o carro, a casa, a roupa. O Humano sim.
E a China em muitos aspectos vai contra esse princípio. Por isso boicote com eles, não digo boicote total, até porque soluções extremas nunca são solução. Mas sempre que podemos privar desses produtos. Acho que sim. Tudo em excesso faz mal. E a nossa dependência da China não parece, mas já é enorme.

3 comentários:

Anónimo disse...

O nosso equilibrio diário depende de todas as entidades envolvidas na produção dos aparelhos e mecanismos que suportam o dia-a-dia. Os países asiáticos têm um papel crucial, não so como produtores mas tambem como impulsionador para uma baixa generalizada de preços e respectivo aumento de concorrência (embora por vezes de uma forma não justa).

Acredito que com o desenvolver da economia asiática as condições laborais vão melhorar, mas como infelizmente não ha ricos sem pobres a uniformização entre classes sociais nunca existirá plenamente, o que, quer queiramos quer não, evitará que as condições laborais nao sejam perfeitas para quem está no fundo da cadeia.

Daniel aka DnlCY disse...

Faz muito bem frisar que realmente os produtos orientais vieram puxar os preços para baixo. Com a crise económica mundial e a escalada dos preços do petróleo, estes produtos de baixo valor são sempre bem vindos.
Em parte é por isso que não digo um boicote total.
Mas não podemos ignorar as injustiças sobre o qual estes produtos são feitos. Sobre que sangue são produzidos.
Sou realista e sei que haverá desigualdades sociais. Mas se todos lutarmos pelo mesmos, podemos sempre melhorar o que existe. Não podemos é desistir.
O boicote não eliminará, mas poderá pressionar a que as injustiças diminuam.

Almas Lusas em Beijing disse...

Concordo com o comentário do Anónimo, de 20 Maio. E para que as condições laborais melhorem, basta que sejam do conhecimento geral, como já o são. Só podem melhorar, pelo menos para condições humanas e aceitáveis.
Não há dúvidas de que a baixa generalizada de preços e respectivo aumento de concorrência é evidente, reajustando e beneficiando o equilíbrio do mercado mundial.