quarta-feira, 28 de abril de 2010

Centro de Apoio ao Sem Abrigo (CASA)


A CASA - Centro de Apoio ao Sem Abrigo é uma instituição sem fins lucrativos que dá apoio directo aos sem abrigo. Com a ajuda de sócios e de donativos, seja monetários, ou alimentícios ou roupas, a associação vai reunindo fundos para distribuir bens fundamentais para a sobrevivência daqueles a quem a sorte não quis nada.
Depois de o ano passado ter contribuído com uma doação monetária. A semana passada decidi finalmente desfazer-me daquelas peças de roupas que já não dou utilidade e doei tudo à associação.
Mas ontem decidi ir mais além e ter um papel mais directo na associação. Juntei-me aos vários voluntários de quem a CASA depende, e segui com eles para a rua para distribuir refeições. Um grupo maioritariamente jovem dos vários quadrantes da sociedade com disponibilidade e vontade de ajudar. Não custou nada. Em um par de horas se prepara as refeições ou se recolhe contribuições de alguns restaurantes. Seguimos para Arroios e em uma hora se distribui uma pequena refeição embalada seguido de um copo de sumo, uma peça de fruta, pão e leite. No final distribuiu-se alguma roupa. Curiosamente, roupa essa que em parte me pertenceu. E tive o prazer de testemunhar ao vivo a sua distribuição e repartição.
Numa fila de quase uns 80 sem abrigos podemos encontrar um pouco de tudo. A vida não escolhe cor nem signo. Vão desde aqueles mais humildes que recebem a refeição sossegadamente e seguem a sua vida, até aqueles mais exigentes que chegam à situação de reclamar por mais. Não sei até que ponto, este processo se pode tornar uma rotina, um hábito que fica interiorizado como uma obrigação. E que se pode reclamar caso não seja devidamente cumprido. A verdade é que mesmo sendo um sem abrigo, não deixam de ser pessoas como nós. Pessoas de hábitos e vícios. Exigentes da boa vontade dos outros. Naturalmente que eles precisam de uma ajuda regular, mas não estarão a ficar demasiado dependentes dessa ajuda? Claro que não digo que devemos parar de ajudar, antes pelo contrário. Mas repensar e inovar não faz mal nenhum. Pois eu sempre digo que devemos sair da rotina, e isso aplica-se a toda a gente, seja sem abrigo ou não.
Nesta altura parece que só estamos a garantir que eles não se afoguem e mantenham a cabeça à tona da agua. Quando no mundo ideal o que se quer é retira-los da água:S
Em tempos, na altura do ensino secundário com o meu colégio, já contribui com a distribuição de apoios a famílias desfavorecidas. Uma realidade bem diferente da vivida ontem. Não sendo uma ajuda tão regular, tipicamente um ou duas vezes ao ano, estas famílias fazem mesmo o favor de agradecer o apoio dado. E conseguem mesmo transmitir essa sensação de felicidade e alegria.
Neste caso, com os sem abrigos, devo confessar que estava à espera de sentir outra emoção por poder ajudar quem mais precisa. Um sentimento de infelicidade e tristeza é reinante nestes ambientes. Uma relação fria com o mundo. Naturalmente que não levam a vida que sonhavam e não vê o futuro mais risonho que este. Uma realidade crua e dura.

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