quarta-feira, 19 de março de 2008

Mais pecadores

Na semana passada o Papa Bento XVI anunciou mais seis novos pecados mortais, a juntar aos sete definidos pelo Papa Gregório I no século VI.
Então a juntar à gula, ira, preguiça, luxuria, vaidade, inveja e avareza, agora temos mais: pedofilia, poluição do meio ambiente, aborto, tráfico de droga, riqueza desmesurada e manipulação genética.
Acho que são pontos que claramente devemos evitar. Mas devo dizer, mesmo sendo católico praticante, que não faz sentido um destaque ao mesmo nível que os originais. É verdade que a declaração vem acompanhada com um discurso de actualização aos novos tempos e de uma maior responsabilidade social.
Eu via nos pecados mortais originais uma conotação exacta e intemporal, que nos toca a todos sem excepção. São acções e vontades que nos devemos abster no dia a dia. Constantemente somos tentados a entrar em pecado, mas temos que ser mais fortes e lutar contra eles, pois inconscientemente só melhora a nossa vida. E por contágio a quem nos rodeia.
Mas com este novos, alguns deles não se aplicam a certos indivíduos. A mim, na maioria dos pecados nem me passa pela cabeça praticá-los, nem sequer tenho condições para o fazer. A única hipótese de intervenção é lutar socialmente contra quem pratica tal acto. Mas assim o pecado não são os anunciados, mas seria algo do género: irresponsabilidade. Temos que ser responsáveis pelos nossos actos e responsáveis por persuadir o próximo a não pecar. Seja os sete originais ou os novos seis, ou mesmo qualquer outro pecado.
Além disso estes novos valores são "neo-temporais", há mil anos atrás nem se sabia o que era genética. Daqui a mil, ou é erradicado ou tão controlado que eventualmente já não faz sentido falar em droga como um mal.
Enfim, acho que este são claramente pecados que devemos combater, individualmente como socialmente, mas acho exagerado o destaque. Na minha opinião pessoal, dá-me a sensação que a Igreja com estes novos pecados mortais nos quer obrigar a ter um certo comportamento que pela palavra e pela comunicação não está a conseguir.
E o que eu respondo a isso é que quando se obriga alguém a algo, o resultado costuma ser o oposto.

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