terça-feira, 29 de junho de 2010

Estamos em crise ou não?

Afinal o país está em crise ou não?
Hoje o Presidente da República promulgou o novo PEC. Mais impostos, mais reduções, mais taxas. Tudo o que desejámos, quando engolimos 12 passas enquanto saltávamos só com um pé de uma cadeira, se está a concretizar...ou não:S
Mas uma coisa não dispensamos. Festas e diversão.
Prova disso é que este fim-de-semana que passou houve o Sumol Summer Fest com dois dias de casa cheia. E o Optimus Alive aproxima-se com bilhetes esgotados.
Haja dinheiro para tudo.
Depois se há coisa mais importante que tudo o resto é o futebol. Estamos em pleno campeonato do mundo e mais logo Portugal joga contra a Espanha para os oitavos-de-final. Felizmente para a produtividade do país o jogo acontece as 19h30. Onde a maioria da população já está fora do seu horário laboral. Mas os três jogos anteriores da fase de grupos não teve o mesmo horário. E o povinho deixou de ver o jogo para cumprir com as suas obrigações profissionais? Não me parece. Quantos de nós fez um almoço tardio e mais prolongado? Quantos de nós, fez um intervalo para café maior que o normal? Quantos de nós reajustou horários para ter duas horas livres a meio do dia? Quantos de nós evitou reuniões, consultas ou marcações nas horas críticas?
Pois é, nem todos ligam a futebol, nem todos invertem prioridades. Mas acreditem que a maioria dos portugueses não descola da televisão para ver uma selecção que nem agrada a gregos nem a troianos.
Eu adoro futebol, não se enganem, principalmente jogar futebol. Mas tento não levar uma vida em volta do futebol. Há coisas mais importantes, como viver a própria vida. Podemos ficar felizes, ou não, ao ver um jogo. Mas é só isso. A nossa vida não se rege por um jogo que outros estão a jogar. Não temos qualquer influência sobre o resultado final. Por isso a sua importância tem uma verdade limitada.
Se bem que há um poder no futebol e no desporto colectivo em geral de se tirar o chapéu. Para além de fazer bem a prática de desporto, o mesmo também promove o convívio e interacção entre as pessoas. A nível pessoal, quantas pessoas eu já conheci através de jogos de futebol? Inúmeras. A um nível global, o filme Invictus, que retrata parte da vida de Nelson Mandela e o rugby na África do Sul, é só um exemplo de união entre povos opostos.
E o facto de haver tanta gente a mover montanhas para ver um jogo, mesmo aqueles que não costumam ligar ao futebol, penso que seja porque simplesmente toda a gente vê o jogo. O humano é um ser de sociedade, como tal comporta-se de maneira semelhante. E quem foge do padrão deixa de se encaixar. Ficamos fora de jogo se não soubermos como correu o encontro que toda a gente fala.
Contudo a questão de fundo penso que se prende com a crise em si. Estamos todos em crise, mas não deixamos de festejar e divertir. O país pára em busca de uma felicidade desconhecida. E isso entende-se porque temos necessidade de procurar sermos felizes. E se a nossa vida diária não nos fornece isso. Então temos que compensar com outras actividades ou outras vivências, custe o que custar.
O problema é que provavelmente não estamos a investir num futuro feliz, mas só num presente risonho. E com isso a crise vai demorar a passar.
Não digo que tenha a solução dos nossos problemas, até porque sou capaz de ser dos primeiros a gastar. Mas aqui fica o meu pensamento para reflexão.

1 comentário:

VC disse...

Muito bom, até ao primeiro ponto final.

Depois adormeci.....